A passagem de Neymar pelo Al-Hilal: um investimento milionário sem retorno esportivo, mas com impacto midiático global

Em agosto de 2023, o Al-Hilal fez história ao anunciar a contratação de Neymar por €90 milhões, estabelecendo um dos contratos mais caros do futebol mundial. O clube saudita ofereceu ao craque brasileiro um salário anual de €150 milhões, seis vezes mais do que ele ganhava no Paris Saint-Germain. A expectativa era que Neymar elevasse o nível do time, liderasse a equipe em competições internacionais e ajudasse a consolidar o futebol da Arábia Saudita como um destino de elite. Mas o que parecia um investimento certeiro se tornou um dos negócios mais frustrantes da era do futebol saudita.

Neymar disputou apenas sete partidas oficiais pelo Al-Hilal, marcando um único gol antes de sofrer uma grave lesão no ligamento cruzado anterior durante um jogo da seleção brasileira, em outubro de 2023. O problema o afastou dos gramados por meses, e quando ele finalmente voltou a treinar, uma nova lesão no tendão o tirou da temporada, fazendo com que o clube optasse por desregistrá-lo para liberar espaço para outro jogador estrangeiro. Em janeiro de 2025, ambas as partes chegaram a um acordo para a rescisão do contrato, encerrando de forma antecipada o vínculo que se estenderia até 2025.

Se olharmos apenas para os números dentro de campo, a passagem de Neymar pelo futebol saudita foi um fracasso retumbante. O Al-Hilal investiu cerca de €90 milhões na transferência e comprometeu-se a pagar €150 milhões anuais em salários, totalizando aproximadamente €240 milhões em um ano e meio para um jogador que praticamente não atuou. O retorno esportivo foi praticamente inexistente, e as ambições do clube de dominar o futebol asiático com Neymar como estrela foram frustradas.

No entanto, há outro lado nessa equação: o impacto midiático. Antes da chegada de Neymar, o Al-Hilal era um clube conhecido essencialmente no Oriente Médio e entre fãs mais atentos do futebol internacional. Com sua contratação, o time ganhou uma visibilidade global instantânea. As redes sociais do clube explodiram em seguidores, e a cobertura da mídia internacional colocou o Al-Hilal no radar de torcedores e patrocinadores ao redor do mundo. Marcas que antes não consideravam o futebol saudita como um mercado relevante passaram a vê-lo com outros olhos, e o clube conseguiu atrair investimentos comerciais que antes seriam impensáveis.

A venda de camisas com o nome de Neymar também disparou, tornando-se um dos itens mais procurados no período em que sua contratação foi anunciada. O clube firmou novos contratos comerciais e viu um crescimento no engajamento digital, o que pode gerar benefícios a longo prazo. No entanto, esse impacto positivo não foi sustentado, pois a ausência de Neymar em campo diminuiu gradualmente o interesse do público. Sem ele jogando, o clube perdeu a grande oportunidade de consolidar sua posição no cenário global de forma mais duradoura.

Ao final da passagem de Neymar pelo Al-Hilal, o balanço é contraditório. No campo esportivo e financeiro, a contratação foi um investimento extremamente alto para um retorno quase nulo. Por outro lado, a chegada do jogador ajudou a colocar o clube e a Saudi Pro League sob os holofotes, algo que pode ter efeitos positivos a longo prazo. O caso de Neymar serve como um alerta para os clubes sauditas e outras equipes que planejam gastar cifras astronômicas para contratar estrelas do futebol mundial: o sucesso de uma contratação não depende apenas do nome do jogador, mas de sua condição física, de um planejamento sólido e de uma visão estratégica que vá além do impacto inicial.